Alcídio de Oliveira “Escritores favoritos? Todos os que escrevem melhor do que eu”
Alcídio de Oliveira acaba de publicar o romance Monólogo da Faxineira, escrito durante a pandemia e o confinamento onde, assumidamente, tentou ir por outros caminhos no seu exercício de escrever ficção. Nasceu em Caminha em 1957. Vive em Lisboa.
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O que é para si a felicidade absoluta?
Estar com os meus filhos.
Qual considera ser o seu maior feito?
Tudo o que fiz é pequeno, os meus quatro filhos são um grande feito, mas por mérito deles.
Qual a sua maior extravagância?
Fazer o que me apetece.
Que palavra ou frase mais utiliza?
Imbecil.
Qual o traço principal do seu carácter?
Nunca os hierarquizei, talvez a irascibilidade.
O seu pior defeito?
As minhas qualidades.
Qual a sua maior mágoa?
Passaram, não as guardei.
Qual o seu maior sonho?
Não ter quem dependa de mim.
Qual o dia mais feliz da sua vida?
Não sei se foi o mais feliz, o mais estranho certamente, o nascimento do meu primeiro filho, ou seja, da minha filha. Este concorre com o nascimento do filho dela, o meu neto.
Qual a sua máxima preferida?
Será a que melhor se adequar à circunstância. Não tenho.
Onde (e como) gostaria de viver?
Vivo onde quero viver, porém, começo a achar que Lisboa está imprestável. Estou a reavaliar.
Qual a sua cor preferida?
Para vestir, talvez o verde, quanto ao mais tenho a felicidade de não ser daltónico, todas as cores são as minhas preferidas.
Qual a sua flor preferida?
Não faço essa indelicadeza às flores.
O animal que mais simpatia lhe merece?
Tem dias, ora o gato, o cão, o burro. Na verdade, gosto da bicharada toda.
Que compositores prefere?
Antes de mais Bach, Beethoven e Mozart. Depois Stravinsky, Keith Jarrett, Philip Glass e, claro, o saudoso José Afonso.
Pintores de eleição?
Babo-me com Michelangelo, não só com a pintura, como com a escultura; Deslumbro-me com Botticelli; Salvador Dalí, não só pela obra como pela doidice; Monet, Renoir… Dos nossos: Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Helena Vieira da Silva. Estão em estudo os casos de Graça Morais, Paula Rego e outros. Demoro muito tempo a ver.
Quais são os seus escritores favoritos?
Todos os que escrevem melhor do que eu; Eça, Machado de Assis, Aquilino, Pessoa, Saramago, Lobo Antunes… Fora de portas, o grande Cervantes, Tolstoi, Flaubert, Camus, Sartre, Lawrence Durrell, Garcia Marquez, Vargas Llosa… e Luís Sepúlveda.
Quais os poetas da sua eleição?
Tenho muitos e variados amores: Camões, Neruda, Sofia, Eugénio de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Cesário, Mário de Sá-Carneiro, Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Gedeão, Maria do Rosário Pedreira… depende do dia e da hora.
O que mais aprecia nos seus amigos?
O facto de serem meus amigos.
Quais são os seus heróis?
Os meus filhos.
Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Hamlet, Corto Maltese, Asterix, D. Quixote, a Blimunda…
Qual a sua personagem histórica favorita?
Nuno Álvares Pereira.
E qual é a sua personagem favorita na vida real?
Não sei se gosto de personagens na vida real, julgo que não. Personalidades, aprecio… mas não me lembro de nenhuma.
Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
A ética.
E numa mulher?
Idem.
Que dom da natureza gostaria de possuir?
Poder voar por meios próprios, de avião não tem graça nenhuma.
Qual é para si a maior virtude?
A verticalidade ética e moral.
Como gostaria de morrer?
Daqui a muitos anos, deitar-me e “acordar” morto.
Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Aceito propostas, mas à falta de melhor, Diógenes.
Qual é o seu lema de vida?
Ofereceram-me vários, mas nunca usei nenhum. Regressamos à questão da ética… republicana.
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Alcídio de Oliveira na “Novos Livros” | Entrevistas