Maria Joelle: Espiritualidade 4.0
1-Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro «Espiritualidade 4.0»?
R- A ideia deste “pequeno livro” é divulgar um conceito novo/recente em Portugal. O ponto de partida foi a tese de doutoramento que fiz na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sobre a Espiritualidade nas organizações. As conversas que fui tendo ao longo deste percurso, sugestões que recebi estão na origem do “Espiritualidade 4.0”. Este livro tem o propósito de divulgar o conceito da espiritualidade em contexto organizacional e empresarial, as suas raízes, uma Métrica de gestão (GSW) e os efeitos nas organizações e na sociedade. Oferece orientação prática a gestores e líderes organizacionais, para a qual têm contribuído vários estudiosos e gestores ao longo do tempo, de diferentes partes do mundo.
2-Do seu ponto de vista, como é que a espiritualidade pode ajudar a gerir melhor e desenvolver as organizações?
R- Para responder a esta questão, começo for referir a página 21 do livro, na qual se pode ler a seguinte citação de Fahri Karakas “ (…) the growing interest in spirituality is evidente in corporations, corporate meeting rooms, and the business world as well. For exemple, a growing number of organizations, including large corporations such as Intel, Coca-Cola, Boeing, and Sears, are reported to have incorporated spirituality in their workplaces, strategies, or cultures (…)”. Existe uma clara sintonia entre o mundo académico e empresarial em torno de preocupações que são de cariz global (trabalho infantil, fome, riscos psicossociais, falta de confiança nas entidades governamentais, preocupações com o próprio Planeta Terra…). E, em torno destas preocupações e das preocupações de entidades internacionais, há um apelo para que sejam criadas novas abordagens, novas metodologias que consigam ajudar. E, os negócios, as empresas, os líderes têm o poder de influenciar a sociedade e torná-la mais pacífica. A espiritualidade nas organizações surge como uma abordagem holística, ou seja, uma ferramenta de gestão que atua em diferentes níveis organizacionais, de acordo com os objetivos estratégicos e propósito social, estabelecidos pelos líderes organizacionais. Ou seja, vai de encontro ao conceito “empresa social” divulgado no Deloitte Global Human Capital Trends (2018).
3-Neste domínio da espiritualidade no trabalho, qual é a situação de Portugal: está mais ou menos avançado em relação aos restantes países?
R-Está ainda muito pouco avançado. As nossas organizações e líderes ainda não estabeleceram o diálogo com esta metodologia. Cá é muito novo! O que significa que temos muito a fazer. E, em primeiro lugar, é fundamental o esclarecimento. O “Espiritualidade 4.0” traz consigo este papel, esclarecer, contextualizar e até desmistificar a palavra espiritualidade na Gestão. O mentor da pirâmide das necessidades humanas – Maslow (1970) – referiu a responsabilidade da humanidade, de todos nós, de contribuirmos para a construção deste conceito. E, neste sentido, temos muito a fazer.
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Maria Joelle
Espiritualidade 4.0
Editora RH 13,75€