Augusto Canetas: “Substituir as armas pela palavras”

1-O que representa, no contexto da sua obra literária, o novo livro A Recusa?
R-O livro A Recusa inscreve-se no contexto actual do conflito entre a Federação Russa e a Ucrânia. Embora assuma um discurso de certo modo surreal, a obra procura ser uma alternativa simbólica: substituir as armas pelas palavras, transformando a violência em dissertação e a destruição em reflexão.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste romance?
R-A ideia germinou a partir do recrutamento arbitrário promovido por Putin, onde se encontram casos insólitos como o de um homem de 74 anos: engenheiro civil, reformado, casado, avô sem qualquer experiência militar, convocado para comandar uma companhia na frente de batalha. Ao aperceber-se da irracionalidade do processo, este homem decide render-se não por cobardia, mas como gesto de consciência para evitar a multiplicação de mortos e feridos.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento escrevo em várias frentes. Sobretudo, trabalho um romance, ou seja, a parte II do livro A Recusa, onde exploro as zonas de fronteira entre a memória íntima, e o processo da reintegração dos homens sublevados na vida civil, política e social da Federação Russa.
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Augusto Canetas
A Recusa
Grupo Editorial