Cristina Carvalho: “A maior parte das nossas mágoas são inconfessáveis, ou deveriam ser…”

Cristina Carvalho acaba de publicar um livro resultado de uma cumplicidade criativa com ilustrações de José Manuel Castanheira: Fabulário ou o Pequeno Circo do Mundo. Desde 1989, foi já autora de vários livros, muitos dos quais fazem parte do Plano Nacional de Leitura. A sua obra percorre vários géneros literários: romance, romance biográfico, conto e literatura juvenil. Em 2016, recebeu o Prémio SPA/RTP, na categoria de Literatura para a «melhor ficção narrativa» (O Olhar e a Alma – Romance de Modigliani) e, 2021, recebeu o Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga APE/CM Coimbra (Ingmar Bergman, O Caminho Contra o Vento). Cristina Carvalho é filha da escritora e tradutora Natália Nunes e do professor e poeta Rómulo de Carvalho/António Gedeão. 

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O que é para si a felicidade absoluta?
A pergunta é muito estranha…a minha resposta é: não faço a menor ideia.

Qual considera ser o seu maior feito?
Também não sei. Depende do que se considera “um grande feito”. Tudo muito subjectivo.

Qual a sua maior extravagância?
Tudo o que não costumo fazer e faço.

Que palavra ou frase mais utiliza?
Só as outras pessoas, as que me conhecem melhor, poderão responder…

Qual o traço principal do seu carácter?
Também não sei. Não sei quase nada sobre mim. Simpática? Dizem…

O seu pior defeito?
O pior? Não tenho defeitos horríveis, mas tenho alguns que incomodam, certamente. Até me incomodam a mim, quanto mais…

Qual a sua maior mágoa?
A maior parte das nossas mágoas são inconfessáveis, ou deveriam ser…

Qual o seu maior sonho?
Tenho “milhares” de maiores sonhos…

Qual o dia mais feliz da sua vida?
Já tive vários, felizmente. De igual intensidade.

Qual a sua máxima preferida?
Detesto máximas…

Onde (e como) gostaria de viver?
Estou muito bem onde vivo e como vivo.

Qual a sua cor preferida?
Gosto de várias cores. Tenho muitas preferidas.

Qual a sua flor preferida?
Não tenho flores preferidas. Flores são flores, de umas gosto mais do que outras.

O animal que mais simpatia lhe merece?
Lá está, a mesma resposta: gosto de animais em geral. Não gosto de pulgas nem de mosquitos nem de cobras nem de tubarões nem de ursos enfurecidos nem, nem, nem…gosto de todos os outros.

Que compositores prefere?
Vários. De Mozart a Bob Dylan, passo por tantos…

Pintores de eleição?
Caravaggio, Lars Lerin, John Singer Sargent, Domingos Sequeira, Edvard Munch, Paula Rego, não sei, não sei, tantos, tantos mais…

Quais são os seus escritores favoritos?
Muitos! Mas posso indicar alguns sempre presentes – Marguerite Yourcenar, Truman Capote, Ray Bradbury, Selma Lagerlöf, John Banville, Jon Fosse, Knut Hamsun, August Strindberg, Kjell Askildsen, Gunnar Gunnarsson, Hjalmar Soderberg, Astrid Lindgren, Stefan Zweig, Robert Louis Stevenson, Juan Marsé, Arthur Conan Doyle, etc, etc. Mais, muitos mais. Não falei de portugueses, já se percebeu…

Quais os poetas da sua eleição?
António Gedeão, Jorge de Sena, Alexandre O’Neill, Herberto Helder e mais…

O que mais aprecia nos seus amigos?
O facto de serem meus amigos…

Quais são os seus heróis?
Banda desenhada, livros ou vida real?

Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Não faço ideia. Heróis??

Qual a sua personagem histórica favorita?
Há várias, não é?

E qual é a sua personagem favorita na vida real?
Há várias, não é?

Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
As mesmas que aprecio numa mulher. Inteligência, bondade, altruísmo, paciência, sentido de humor, habilidades manuais, etc, etc

E numa mulher?
Ver a resposta acima.

Que dom da natureza gostaria de possuir?
Viver 300 anos como algumas tartarugas.

O que é para si o cúmulo da miséria?
Depende, mas assim de repente, a fome.

Quais as falhas para que tem maior indulgência?
A ignorância.

Qual é para si a maior virtude?
Há muitas.

Como gostaria de morrer?
De velha, muito velha, naquele estado em que já não se dá conta de nada.

Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Não faço ideia.

Qual é o seu lema de vida?
Também não sei. Tenho vários. Nenhuma pergunta é difícil de responder. A questão é que há muitas hipóteses de respostas. 
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Cristina Carvalho na “Novos Livros” | Entrevistas