Giovana Madalosso: “A minha obra mais inventiva”

1-O que representa no contexto da sua obra literária o livro “Batida Só”?
R-Acredito que “Batida só” seja a minha obra mais inventiva. Nesse romance, exploro uma doença no coração como metáfora para o sentir e o não sentir, para algo muito contemporâneo que é fugir do sofrimento, muitas vezes evitar a paixão ou o aprofundamento de relações “para não se machucar”. Para representar as batidas do coração da narradora Maria João, que faz tudo para não sentir nem ter arritmias, eu uso vírgulas. Uma sequência delas marcando que esse coração saiu um pouco do compasso,,, Ou que saiu muito,,,,,,, E estruturo a narrativa de uma forma mais livre do que nos meus livros anteriores, de forma a provocar pulsações. Acredito que, em relação às minhas outras obras, experimentei mais mas sempre cuidando para não resultar num livro chato, nem difícil de ler. Detesto livros chatos.

2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-Há alguns anos, minha filha, ainda criança, enfrentou um problema grave de saúde. De repente, me vi descendo por uma espiral de médicos, de especialistas e de hospitais. Como a solução não veio, passamos a frequentar centros alternativos de cura onde eu, que sempre fui ateia, buscava desesperadamente fazer aflorar alguma fé. Foi a partir da observação do coração, da dor das mães de crianças doentes e da minha própria dificuldade para ter fé que nasceu esse livro. Embora seja baseado em uma história real, Batida só é um livro totalmente ficcional. Nele, nada é verdade, e tudo é verdade.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-No momento, estou escrevendo minhas colunas semanais para o jornal Folha de São Paulo, viajando por feiras literárias em todo Brasil para lançar Batida Só e delineando meu novo romance. Diria que, dentro da minha cabeça, esse próximo livro já existe. Seus personagens são tão vívidos para mim quanto qualquer pessoa.
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Giovana Madalosso
Batida só
Tinta-da-China  18,90€

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