Livros para pensar os tempos complicados que vivemos

CRÓNICA
|  J. A. Nunes Carneiro

Os tempos estão mesmo muito complicados: em Portugal e no Mundo. Nos últimos anos e com uma probabilidade de não se esperar uma real melhoria rapidamente: guerra, genocídio, instabilidade, intolerância, avanço da extrema-direita, inseguranças várias, inteligência artificial (e seus impactos),  mudanças sociais rápidas e de resultado incerto ou direitos que considerávamos adquiridos mas que, agora e em força, são postos em causa com rapidez.
Enfim, tempos complicados e difíceis. Estando nós um pouco à deriva, um bom conjunto de livros pode ser uma ajuda preciosa.
Neste contexto, escolhi cinco livros para ler neste Verão que (espero…) me ajudem a perceber o que se está realmente a passar e o que está em causa em múltiplas dimensões.
Bruno Maçães escreveu Construtores de Mundos. A Tecnologia e a Nova Geopolítica (edição Temas e Debates) em que perspectiva a construção do mundo futuro tendo por base a tecnologia e a revolução tecnológica em curso. Assim, as regras do jogo estão a mudar e temos de conhecer e interpretar o que os novos construtores de novos mundos já estão a fazer.
Fareed Zakaria escreveu Era das Revoluções. Progresso e Retrocesso de 1600 até aos Nossos Dias (edição da Gradiva) em que interpreta as revoluções em curso num contexto global e comparando com as revoluções anteriores. Por isso, começa no século XVII.
Giuliano da Empoli escreveu A Hora dos Predadores (edição Gradiva) em que mostra o lado de dentro das manobras, objectivos e práticas dos predadores que exercem o poder em vários domínios para atacar a Europa, os seus alicerces democráticos, as liberdades e o nosso modo de vida.
Helen Thompson escreveu Desordem. Tempos Difíceis no Século XXI (edição Clube do Autor) onde faz uma tripla análise envolvendo geopolítica da energia, sistema financeiro global e as democracias europeias num contexto global.
Rui Tavares escreveu Hipocritões e Olhigarcas. Passado e Futuro das Guerras Culturais (edição Tinta-da-China) em que não só estrutura o pensamento sobre as guerras culturais mais recentes como se propõe contextualizá-las numa perspectiva histórica de mais longo prazo. Este livro tem por base as aulas dadas pelo autor no curso “Guerras Culturais: Outrora e agora, aqui e lá fora (Público/Tinta-da-China).
Tenho a certeza de que estes autores não têm a resposta para tudo. Mas espero que ajudem a pensar o século XXI. De uma coisa estou convencido e só folheei os livros e li pequenos excertos: há hoje muita informação. Talvez até em excesso… Por isso conhecer factos concretos (e não as fake news que inundam as redes sociais), ponderar várias opiniões e diferentes perspectivas continua a ser uma óptima decisão. Para compreender, ter opinião e participar neste processo em que, muitas vezes, os cidadãos (que todos somos) são esquecidos e/ou ignorados.