Mangá no meu sapatinho

CRÓNICA
| Rui Miguel Rocha 

O Pai Natal do meu filho mais velho ofereceu-me este mangá. Apesar de não ser o meu primeiro, foi o que li mais rapidamente.  Gostei do traço fino das ilustrações, das onomatopeias bem conseguidas (com excepção dos passos tap tap), das personagens principais e da história sem exageros místicos (embora goste de algumas histórias com exageros místicos). Tudo se passa na Alemanha ao longo da segunda metade do século XX, antes e após muro de Berlim, com um neurocirurgião japonês imigrado a colocar em causa todas as suas crenças passadas, para voltar a acreditar na Medicina para os doentes em contraponto à Medicina académica dos endinheirados.
Acabou por salvar quem nunca deveria ser salvo e começa, a partir desse instante, uma perseguição por toda a Alemanha, com assassinatos não resolvidos à frente e a policia atrás, numa história bem conseguida, dinâmica e versátil, quase cinematográfica no desfolhar das páginas. Gostei também do desenvolvimento de duas personagens secundárias (nem sempre contempladas pela complexidade e ambivalência de existirem para além da história). As personagens dependem da profundidade ou da acção/reacção.
Vou comprar o segundo, mesmo temendo que o autor caia nos erros de outros mangás que li no passado: fazer render o peixe até apodrecer.
Esperemos que não.
Para já tem lugar na estante cá de baixo.
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Naoki Urasawa
Monster (volume 1)
Devir  20€

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