Manuel Alberto Valente: “Já leste…?”

Manuel Alberto Valente , agora com quase 80 anos, é um dos editores portugueses mais respeitados e um dos que mais e melhor promoveu o acesso dos leitores portugueses a muitos dos grandes escritores da literatura universal. Passou por várias editoras onde deixou sempre uma marca significativa. Autor de poesia e, mais recentemente, reuniu em livro as crónicas que publicou no Expresso antecipando (?) a escrita e publicação das suas memórias.
É impossível não falar dele quando se fala de edição de livros em Portugal.
Talvez por isso, muitas vezes ficou no ar uma das suas perguntas recorrentes:”Já leste…?” 

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O que é para si a felicidade absoluta?
A felicidade absoluta não existe. Contento-me com a felicidade de, perto dos 80 anos, acordar de manhã e sentir a meu lado o pé que me acompanha há mais de vinte.

Qual considera ser o seu maior feito?
Se isso é um feito, ter contribuído durante quarenta anos para que os leitores portugueses tivessem ao seu alcance grandes obras da literatura universal.

Qual a sua maior extravagância?
Já não tenho idade, nem dinheiro, para extravagâncias.

Que palavra ou frase mais utiliza?
Já leste…?

Qual o traço principal do seu carácter?
Querer sempre mais e melhor.

O seu pior defeito?
Ser curioso, ao ponto de ser “cusco” e tentar ouvir as conversas da mesa ao lado.

Qual a sua maior mágoa?
Não ter conseguido ser o poeta que um dia sonhei poder ser.

Qual o seu maior sonho?
Assistir ao fim das guerras que assolam o mundo, mas sei que é apenas um sonho.

Qual o dia mais feliz da sua vida?
Aquele em que me casei com a minha actual mulher, já lá vão vinte anos.

Qual a sua máxima preferida?
Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.

Onde (e como) gostaria de viver?
Junto ao mar, numa cidade que me adoptou: Cádis.

Qual a sua cor preferida?
O azul.

Qual a sua flor preferida?
A rosa.

O animal que mais simpatia lhe merece?
O cão.

Que compositores prefere?
Bach, acima de tudo, mas todos os barrocos.

Pintores de eleição?
Caravaggio, Goya, Canaletto.

Quais são os seus escritores favoritos?
Falando só de mortos, Camilo (mais do que Eça), Agustina Bessa-Luís, José Cardoso Pires, Vergílio Ferreira. E Hemingway, Philip Roth ou Kundera.

Quais os poetas da sua eleição?
Variaram ao longo da vida: José Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira, Alexandre O’Neill, Cesariny, Eugénio de Andrade, Ruy Belo, Jorge de Sena. E Cesário, que fundou a poesia portuguesa moderna. E Pessoa, inevitavelmente, mas sobretudo o da “Mensagem” (risos…)

O que mais aprecia nos seus amigos?
Que sejam implacáveis comigo. Mas também disponíveis e solidários.

Quais são os seus heróis?
Todos aqueles que morreram pela liberdade.

Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Sandokan, o Tigre da Malásia, ou Blake e Mortimer.

Qual a sua personagem histórica favorita?
O Mestre de Avis.

E qual é a sua personagem favorita na vida real?
Cristo.

Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
A frontalidade e a inteligência.

E numa mulher?
A frontalidade e a inteligência. Porquê a diferença?

Que dom da natureza gostaria de possuir?
Poder voar.

O que é para si o cúmulo da miséria?
Não respeitar o outro pela cor, pelo género, pela situação social ou pela religião.

Quais as falhas para que tem maior indulgência?
Todas as que resultam da pobreza e da miséria.

Qual é para si a maior virtude?
A honra.

Como gostaria de morrer?
A dormir, serenamente.

Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Robin dos Bosques.

Qual é o seu lema de vida?
Respeita a liberdade dos outros e exige que respeitem a tua.
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