Paulo Finuras | Globalização, Diferenças Culturais e Gestão Internacional de Recursos Humanos


1- De que trata este seu livro “Globalização, Diferenças
Culturais e Gestão Internacional de Recursos Humanos”?
R- Este livro, em termos de estrutura, segue as lições e
palestras da cadeira de Gestão Internacional de RH do programa das aulas que
leccionei entre 2008 e 2016 trazendo consigo alguns resultados da investigação
mais recente acerca do tema. O livro está organizado em 3 partes. Na primeira
trata do enquadramento macro e geral dos nossos dias, isto é, o fenómeno
evolutivo Globalização, as suas causas, as suas características e as suas
grandes tendências e o que este fenómeno representa para todos nós, porquanto
se trata de uma mudança profunda nas nossas vidas. A segunda parte, oferece uma
panorâmica das principais questões ligadas às diferenças culturais e à sua
gestão dado que a globalização as coloca em evidência de forma mais acutilante,
intensa e permanente. Exemplifica-se também como alguns cientistas têm abordado
esta questão tão complexa e os modelos que desenvolveram para isso. Finalmente,
a terceira parte, trata de aspectos mais técnicos ligados à missão da GIRH nas
empresas que têm de lidar com a internacionalização: como captar, manter e
desenvolver os RH numa perspectiva internacional; como escolher e quem escolher
para enviar para fora, por quanto tempo e como compensar os expatriados.
2- De forma resumida, qual a principal ideia que espera
conseguir transmitir aos seus leitores?
R-A ideia que se pretende transmitir é a de que a
globalização não é uma moda passageira mas representa uma mudança nas nossas
condições de vida,  na medida em que se
trata de um fenómeno evolutivo que ninguém comanda e que concretiza a conquista
social da terra rumo a uma aldeia global. Pretende-se também transmitir algumas
ideias acerca do conceito, tantas vezes usado mas poucas vezes definido, o que
é, e o que representa, em termos de algumas das suas consequências principais,
nomeadamente, a redução do espaço, do tempo e a consequente aceleração do
presente com impactos múltiplos em todas as dimensões da nossa vida (económica,
social, política e cultural). Pretende-se, ainda mostrar como todos nós
participamos na globalização quando, simplesmente, abrimos o email. Para além
disso tem também como objectivo sugerir o trabalho de alguns dos mais reputados
cientistas que se têm debruçado sobre o fenómeno cultural humano e em que
medida as diferenças culturais podem ser estudadas, como, e quais os seus
impactos na gestão, na comunicação e na liderança, por exemplo. No final possui
um pequeno glossário dos principais conceitos, termos técnicos e ideias-chave
que ajudarão os leitores, em particular os professores e estudantes das
ciências sociais, e/ou todos aqueles que se interessem pelo tema.
3- No nosso século, gerir recursos humanos não terá de ter,
quase obrigatoriamente, uma visão global sensível às diferenças culturais?
R- Sem dúvida que é verdade. À medida que nos tornamos todos
mais interrelacionados, ficamos mais próximos e tudo acontece mais depressa com
impacto em tempo real à distância pelo que conhecer os fundamentos da cultura
humana e as peculiaridades das diferenças e o seu sentido, torna-se crucial
para o bom entendimento entre os indivíduos dos vários países quando trabalham
juntos. Além do mais, actualmente já ninguém necessita de «sair para fora» para
contactar outras culturas. Vivemos tendencialmente online num novo espaço
virtual onde todas as culturas, entendidas também como software mentais, se
cruzam e entre cruzam. Lidar com as diferenças culturais não é uma tarefa fácil
e por vezes trás mais problemas que soluções mas temos de saber viver com isso
e tirar partido da diversidade porque esta, a médio e longo prazo, é
compensadora pela inovação e pela produtividade. Provavelmente a diversidade
cultural está para a nossa espécie como a variância invariante está para a
biologia. A evolução é isso mesmo: a mudança por descendência com modificação e
isso implica variação e esta está na diversidade de hábitos, de comportamentos,
de ideias e formas de pensar, estar e fazer. relembrando Confúcio, «os homens
são iguais por natureza, são os hábitos que os diferenciam».
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Paulo Finuras
Globalização, Diferenças Culturais e Gestão Internacional de
Recursos Humanos

Sílabo, 12€