Tânia Silva Borges: “Sempre me intrigou o conceito de “e se…?””

1-“Metades de Mim” é o seu primeiro romance: como espera poder olhar para ele daqui a 20 anos?
R-Espero conseguir olhar para Metades de Mim com a mesma ternura com que olhamos para uma fotografia antiga: reconhecendo quem eu era naquele momento, percebendo o que já cresci desde então, mas mantendo orgulho por ter tido a coragem de o escrever. Acredito que, daqui a 20 anos, este livro será sempre a minha porta de entrada, o lugar onde tudo começou. Mesmo que venha a escrever histórias muito diferentes, este será, inevitavelmente, o meu marco zero, o registo mais honesto da autora que estava a descobrir a sua própria voz. Quero olhar para ele com gratidão e não com perfeccionismo. Com a sensação de “foi aqui que me permiti começar”.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-A origem de Metades de Mim viveu muito na ideia de escolhas e do impacto silencioso que elas têm na nossa vida. Sempre me intrigou o conceito de “e se…?”, esse universo paralelo onde tudo podia ter sido diferente com apenas uma decisão, um instante, um desvio mínimo do caminho. Quis explorar como carregamos memórias que não resolvemos, como elas se entranham em quem somos e, por vezes, nos impedem de avançar. Embora nunca tenha vivido um “e se” amoroso como a Marta, vivi o meu próprio “e se” no caminho profissional, uma escolha que me acompanhou durante anos e que só agora consegui transformar em coragem para arriscar no que realmente queria. Dessa tensão nasceu a Marta e a sua luta entre passado e futuro, entre o que deseja e o que a assusta. No fundo, o livro nasceu deste modo como somos feitos de metades, as que mostramos, as que escondemos e as que estamos sempre a tentar reconciliar.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento estou a trabalhar no meu segundo romance, igualmente emocional, mas construído sobre uma premissa que nada tem a ver com a de Metades de Mim. Se o primeiro livro nasceu da pergunta “e se?”, este novo nasce da pergunta “até onde?”. Quero continuar a explorar relações humanas, escolhas difíceis e as zonas cinzentas onde as pessoas revelam a sua verdadeira essência. Mas estou a aprofundar temas novos, mais desafiantes, que me obrigam a ir mais fundo na psicologia das personagens e no impacto emocional das decisões que tomam. É um processo muito diferente do primeiro, mais consciente, mais estruturado, mas também mais exigente. Sinto que estou a descobrir novas camadas da minha voz enquanto autora, e isso torna esta fase particularmente excitante. Ainda está longe de estar pronto, mas está a ganhar forma, ritmo e alma.
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Tânia Silva Borges
Metades de Mim
Oficina do Livro  18,50€

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