Dora Nunes Gago: “Ver, sentir e apreender mundos culturais muito diversos do nosso”

1O que representa, no contexto da sua obra, o livro “Floriram por engano as rosas bravas”?
R-Esta colectânea de 24 contos é o meu décimo livro, ao longo de 25 anos. Penso que representa um passo especial de entrada na maturidade. Para além disso, é o fruto da vivência de dez anos na Ásia, mais especificamente em Macau, embora com frequentes viagens por outros países. É uma forma de ver, sentir e apreender mundos culturais muito diversos do nosso, por muito que falemos de globalização. No fundo, é uma tentativa de entrar na pele de outros mundos para os tentar entender,  crescer com o que eles podem proporcionar. Esta experiência da vivência profunda  das diferenças enriquece, transforma.

2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-A ideia foi o verso de Camilo Pessanha, retirado daquele que considero  um dos mais belos poemas de A Clepsidra: “Floriram por engano as rosas bravas”. Um verso de um grande poeta simbolista que encerra em si a efemeridade da vida, dos sonhos, das desilusões, os enganos e os desenganos de que somos feitos. Esse verso ficou dentro de mim, quando o li pela primeira vez, há uns 30 anos. De repente, estando a viver em Macau, espaço onde Camilo Pessanha viveu tantos anos, morreu e está sepultado, senti que chegara o momento de o desdobrar numa série de  histórias -a maioria delas baseadas em experiências vividas nestes últimos anos.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento estou a trabalhar num livro de crónicas. E, embora sinta que o meu espaço de criação privilegiado é a narrativa breve, estou a perseguir a ideia de um romance.
__________
Dora Nunes Gago
Floriram por engano as rosas bravas
Húmus  4,00€

COMPRAR O LIVRO

Dora Nunes Gago na “Novos Livros” | Entrevistas