Vampiro, uma colecção intemporal


Uma breve entrevista com São José Sousa, a actual responsável editorial de uma colecção intemporal no panorama da edição em Portugal: a colecção Vampiro. Surgiu nos anos 40 do século XX, foi renovada, continua viva e a conquistar novos leitores.

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P-Como actual responsável editorial pela «Colecção Vampiro» (criada nos anos 40 do século XX), como explica a sua longevidade e a sua popularidade, pelo menos junto dos leitores entusiastas de literatura policial?
R- A Vampiro teve na sua base uma série de ingredientes que resultaram, sem dúvida, numa receita de sucesso: uma escolha criteriosa dos títulos, com publicação regular e distribuição alargada, num formato prático e com um preço baixo. Além de ter revelado em Portugal alguns dos autores mais importantes da história da literatura policial, a verdade é que teve ainda um outro mérito: foi uma grande promotora de leitura, cativando gerações e gerações de leitores. Trabalhamos para que, também hoje, estes grandes autores cheguem às mãos de novos leitores e os entusiasmem.

P-Nesta nova fase, a Livros do Brasil continua a incluir na colecção apenas obras de autores clássicos como Ellery Queen, S. S. Van Dine, Raymond Chandler, Rex Sout ou Edgar Wallace: no futuro, está prevista a edição de novos autores mais recentes?
R- Queremos de facto privilegiar os grandes clássicos da literatura policial, aqueles que resistiram ao teste do tempo e que ficaram inscritos na história deste género literário. Para já, não está prevista a publicação de autores contemporâneos.

P-No futuro, a colecção irá acolher obras inéditas?
R- Já em 2018, publicámos a obra Mistério em Branco, de J. Jefferson Farjeon, uma história natalícia de crime e mistério que, escrita nos anos 30, se tornou ao longo dos tempos um êxito em diferentes países, mas que se encontrava ainda inédita em Portugal. Voltaremos com certeza a publicar obras que são ainda desconhecidas dos leitores portugueses, assim que surja a oportunidade certa.

P-E autores portugueses?
R- Não estão nos nossos planos para os próximos meses.

P-Uma opinião mais pessoal: quais são os seus autores preferidos de romances policiais?
R- É um prazer ler os diferentes autores que publicamos na Vampiro, todos eles com uma escrita empolgante, cada um com um estilo muito próprio. Apesar de os acarinhar a todos e de gostar particularmente da diversidade que a coleção oferece, destacaria dois nomes: Rex Stout, pela inteligência bem-humorada das suas histórias, e Raymond Chandler, mestre de uma voz literária inigualável.