Manuel Jorge Marmelo | Uma Mentira Mil Vezes Repetida

1- O que representa, no contexto da sua obra, o livro «A
Mentira Mil Vezes Repetida»?
R- É, espero, o fecho de um ciclo que dediquei àquilo a que
chamam metaliteratura, à literatura que tem como centro a própria ideia de
literatura. Nesse sentido, é o fim da tetralogia iniciada com Os Fantasmas de
Pessoa
e que continuou com Aonde o Vento Me Levar e As Sereias do Mindelo. Mas
também acho que já disse isto antes e, depois, acabei por voltar a enredar-me.

2- Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- O livro parte da ideia de que o espaço fechado de um
autocarro, ou de outro transporte público qualquer, pode funcionar como uma
espécie de máquina literária, um sítio onde as histórias se contam e ouvem,
levando os participantes a viajar para muito mais longe do que aquilo que o
autocarro ou o metro permitem. Essa é a função do falso livro que o personagem
principal carrega no autocarro: incluir todas as histórias que se queira
inventar.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento estou a escrever a resposta à pergunta
anterior. Num sentido mais lato, estou na redacção de um jornal onde se espera
que escreva notícias. Às vezes, à noite, ao fim do dia, ainda encontro ânimo
para escrever outras coisas, e faço-o, que hão-de ganhar corpo e sair para a
rua quando for o tempo certo.

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Manuel Jorge Marmelo
Uma Mentira Mil Vezes Repetida
Quetzal, 15,90€