Teoria das Organizações

1-Qual a ideia que esteve na origem deste vosso livro «Teoria das Organizações e da Gestão-Uma Perspectiva Histórica»?
R- A ideia foi a de ilustrar o percurso histórico das organizações e da gestão. Num terreno muito permeável à novidade e à moda, importa conhecer de onde vêm as ideias da gestão. Conhecem-se melhor as ideias atuais prestando atenção às anteriores. Descobre-se que há novidade na continuidade, que há algumas ruturas, mas que também algum vinho velho em odres novos.

2-A perspectiva histórica permite uma visão mais profunda e equilibrada da gestão em tempos de turbulência e grande mudança?
R- Permite sobretudo ver as coisas em perspetiva e, também com espírito crítico. Por exemplo, será a revolução digital de hoje mais radical que as revoluções do passado? É possível que não. O sentido histórico ajuda a compreender as linhas de mudança e de continuidade. Muitas coisas mudam, mas muitas outras parecem permanecer. E algumas mudanças que prometem melhorias e são apresentadas como ruturas com o passado são, de fato, a repetição do passado. Eis um exemplo: as teorias e as práticas da felicidade no trabalho podem ser formas sofisticadas de manipulação e geradoras de infelicidade. Como em tudo na vida, a passagem do tempo ajuda a compreender e a distinguir o que é realmente importante, que tende a permanecer e a deixar a sua marca, do que é meramente passageiro e que rapidamente é esquecido. Revisitando as diferentes teorias da gestão, é interessante contatar como algumas contribuições, vistas na altura em que apareceram como pequenas revoluções, não passavam afinal de novos embrulhos de conteúdos quase idênticos. A perspectiva histórica ajuda-nos a ser mais crítico na apreciação das novas teorias e mais ponderado na adesão entusiasta das últimas modas.

3-A partir desta perspectiva histórica que aqui traçam, como olham para o futuro da gestão?
R- Um campo que vai seguramente continuar a mudar, com contribuições possíveis para a melhoria da humanidade mas também uma fonte de problemas. É necessário espírito crítico e discernimento para fazer uma avaliação ponderada das virtudes e dos vícios de cada “novidade”.
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Miguel Pina e Cunha/Arménio Rego/Carlos Cabral-Cardoso
Teoria das Organizações e da Gestão-Uma Perspectiva Histórica
Edições Sílabo  27,50€

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