Ana Paula Jardim: “Anoto tudo num poema”

Ana Paula Jardim publicou recentemente “Roupão Azul”, livro a que foi atribuído, em Maio de 2021, o Prémio Literário Glória de Sant’Anna. Nasceu em Coimbra e, além de escrever, dedica-se à organização de eventos relacionados com o livro e à programação cultural.
Considera a felicidade como esses “breves momentos” que são “instantes” e que “podem ser eternos e perdurar na nossa memória para sempre”.

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1-O que é para si a felicidade absoluta?
R- A felicidade absoluta para mim não existe. Há sempre alguma coisa que falta. É essa insatisfação que motiva a procura. Alguns instantes podem ser eternos e perdurar na nossa memória para sempre. A felicidade é construída por esses breves momentos. Efémeros…

2-Qual considera ser o seu maior feito?
R- Só poderei responder a esta pergunta no fim do caminho…

3-Qual a sua maior extravagância?
R- Rir!

4-Que palavra ou frase mais utiliza?
R- A sério?

5-Qual o traço principal do seu carácter?
R- Persistência.

6-O seu pior defeito?
R- Tenho vários.

7-Qual a sua maior mágoa?
R- Anoto tudo num poema.

8-Qual o seu maior sonho?
R- O que ainda não realizei.

9-Qual o dia mais feliz da sua vida?
R- Todos os dias em que fui feliz.

10-Qual a sua máxima preferida?
R- Não tenho máximas. Acho limitativo. Gosto de alguns aforismos Heraclitianos como “tudo flui, nada permanece” ou “a mim mesmo me procurei”.

11-Onde (e como) gostaria de viver?
R- Numa casa em frente aos arrozais de Montemor o Velho. Com jardim e uma janela rasgada. A escrever.

12-Qual a sua cor preferida?
R- Verde

13-Qual a sua flor preferida?
R- Flores silvestres. Rosas.

14-O animal que mais simpatia lhe merece?
R- Lobo.

15-Que compositores prefere?
R- Rachmaninov (todos os compositores russos), Mozart, Wim Mertens, Bach, Bowie, Leonard Cohen, António Variações.

16-Pintores de eleição?
R- Van Gogh (e, de um geral, todos os impressionistas e pós-impressionistas), Mark Rothko, Francis Bacon, William Blake, Caravaggio, que está entre o Renascentismo e o Barroco (e muitos dos pintores renascentistas), Bosch, Amadeo de Sousa Cardoso, Paula Rego ou Graça Morais e Maluda, de quem ultimamente se fala pouco. Gosto do seu olhar plástico sobre Lisboa. Muito luminoso.

17-Quais são os seus escritores favoritos?
R- Herman Hesse, José Saramago, Afonso Cruz, Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto, Arundhati Roy, Isabel Allende, Jorge Luís Borges, Umberto Eco, William Shakespeare, Dostoiévski, Elena Ferrante, Milan Kundera, Steinbeck ou William Faulkner, para citar apenas alguns.

18-Quais os poetas da sua eleição?
R- Sophia de Mello Breyner, Herberto Helder, Camões, Cesário Verde, Natália Correia, Ruy Belo, Walt Whitman, Hölderlin, Cláudia R Sampaio, Emily Dickinson, Alexandre O’ Neill, Pessoa (embora dizer que se gosta do Pessoa já se tornou um cliché).

19-O que mais aprecia nos seus amigos?
R- Lealdade.

20-Quais são os seus heróis?
R- Os heróis têm pés de barro.

21-Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
R- Antígona.

22-Qual a sua personagem histórica favorita?
R- Inês de Castro.

23-E qual é a sua personagem favorita na vida real?

R- Não tenho.

24-Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
R- Gosto de um homem com mãos bonitas.

25-E numa mulher?
R- Cumplicidade.

26-Que dom da natureza gostaria de possuir?
R- Os dons da natureza não se possuem. O que existe é uma ligação invisível. Com os sentidos. A poesia também nasce desse escutar.

27-Qual é para si a maior virtude?
R- A de Antígona, convicção.

28-Como gostaria de morrer?
R- Quando morrer digo alguma coisa.

29-Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
R- Pássaro.

30-Qual é o seu lema de vida?
R- Vive e deixa viver. Tento, pelo menos…
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Ana Paula Jardim na Novos Livros | Entrevistas

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