A palavra menos a língua
CRÓNICA
| Maria Joana Almeida
“Eu também ando assim/e depois às vezes entro num poema/há vários vazios por aí/nunca tinhas reparado? /é porque nunca tinhas parado” (Calí Boreaz)
Carolina Floare Boreaz, mais conhecida por Calí Boreaz, reuniu poesia dos seus livros “
tesserato” (Guerra e Paz) 2024; “a tela finalmente escura” (Kafka Edições) 2020 e “inédita” (Calí Boreaz) 2024 e concebeu uma zine, editada pela Musa Impassível, como produto da performance “a palavra menos a língua”.
Acompanhada pela beleza dos movimentos de Carolina Morais Fonseca e por ambientes sonoros, que vão variando em cada performance, as palavras de Calí Boreaz flutuam de forma palpável, criando uma atmosfera que nos leva de imediato a responder ao seu convite inicial “apoeta-te aqui”.
A beleza e a envolvência não acontecem apenas pela intensidade do gesto e do olhar de Calí Boreaz (nem do lindíssimo e marcante véu negro que flutua no rosto e no corpo de Carolina Morais Fonseca) mas pela brilhante capacidade de compreender o espaço e contexto, criando, em cada lugar, uma performance única, irrepetível e assente numa premissa de improvisação. Nenhum espetáculo será igual, apenas o brio, profissionalismo e esta capacidade de hipnotizar as palavras, indiferente à língua, numa ligação única com cada um dos espetadores.
A zine pode ser adquirida através da página do instagram @musa_impassível