Agostinho Inácio Bucha: Ser Empreendedor

 1-Qual a ideia que esteve na origem deste livro «Empreendedorismo: Aprender a Saber Ser Empreendedor»? 

R- Uma das minhas áreas de investigação é sobre Educação Empreendedora, pois é importante saber investir na educação e na formação de empreendedores de modo a adquirirem competências para criar valor para si e para os outros. Generalizando esta ligação, qualquer organização para poder estar no mercado tem de aprender a criar valor para si e para as outras organizações. O exercício da cidadania pressupõe que a educação da pessoa e, por conseguinte, a educação empreendedora façam parte do processo de desenvolvimento do cidadão, começando nos primeiros anos de desenvolvimento e continuando ao longo dos anos de formação. O empreendedorismo não é só um conceito de negócio, mas um conceito histórico-cultural-social que deve ser analisado numa perspetiva multidimensional, na medida em que faz parte de um conjunto de transformações que ajudam a construir um desenvolvimento que não pode ser obtido a qualquer preço, mas deverá ser sustentável, ou seja, deve oferecer mais e melhor qualidade de vida ao ser humano, que hoje é uma das chaves do desenvolvimento.

2-A escola em Portugal desenvolve nos seus alunos competências empreendedoras?

R- A escola tem progressivamente incorporado o empreendedorismo na sua estrutura curricular, já que esta deve ser encarada como o centro de divulgação e multiplicação do espírito empreendedor e deverá saber estabelecer parcerias com as outras organizações no sentido de se fazer um diagnóstico das necessidades de todos, que serão gradualmente satisfeitas com a preparação para a vida e não só na perspetiva de formação para um emprego ou ocupação funcional. A organização educativa tem conseguido que os alunos adquiram competências empreendedoras através da coexistência de aprendizagem adaptativa com aprendizagem generativa.

3-Os exemplos de sucesso de alguns empreendedores são motivadores para muitos outros: onde reside, do seu ponto de vista, a razão desses bons resultados?

R-As empresas devido ao seu Know How próprio, foram das primeiras organizações a compreenderem a importância do empreendedorismo para o reforço da sua competitividade e permanência no mercado, conseguindo conviver com o meio envolvente. Esta necessidade refletiu-se na estrutura curricular dos cursos da área da gestão, que foram pioneiros na introdução desta inovação no sistema educativo. Contudo, o empreendedorismo passou de um conhecimento específico para um conhecimento transversal às várias áreas do saber, pelo que a educação empreendedora não é um exclusivo das ciências empresariais, passando a ser um campo de intervenção das outras ciências, nomeadamente das ciências da educação. Esta necessidade de partilha de conhecimento entre as várias ciências é o reflexo da sociedade complexa e transdisciplinar em que vivemos, que exige que o nosso processo de aprendizagem seja validado com conhecimento proveniente de várias fontes. A gestão da mudança passa pela gestão de todas as organizações, sendo a escola um dos pilares fundamentais deste ecossistema.
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Agostinho Bucha
Empreendedorismo: Aprender a Saber Ser Empreendedor
RH Editora 17€
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