Grandes Clássicos da Língua Portuguesa

1-Como surgiu a ideia de organizar esta antologia de pequenas histórias dos grandes clássicos?
R- Sempre gostei muito de literatura, e embora tenha formação em Filosofia, sempre me interessei pelas duas coisas, que procuro conciliar. Dentro da literatura, gosto especialmente de histórias, que me façam sonhar e criar mundos de imaginação. Por falta de tempo não poderia ler todos os romances destes escritores, mas as pequenas histórias são uma forma de aceder a esses escritores. Por outro lado, tenho tido uma certa experiência com a aorganização de antologias, por isso pensei em fazer também uma de pequenas histórias de autores portugueses. Atualmente as pessoas andam muito entretidas com autores que estão na moda, autores mediáticos, e que certamete não ficarão na História da Literatura, e considero uma lacuna no conhecimento das novas gerações, o conhecimento dos autores clássicos. Penso que é importante conhecer também os clássicos, pois é uma forma de tomarmos maior consciência da nossa identidade cultural e de  mergulharmos um pouco mais nas nossas raízes.


2-Quais os critérios que presidiram à escolha dos 25 autores e dos seus contos?
R- O principal critério já foi referido na resposta anterior, isto é, tinham que ser autores clássicos. Esta forma de texto literário (que geralmente se denomina “conto”, mas que, conforme eu explico no prefácio do livro, não é exactamente a mesma coisa), só surgiu no século XIX, e foi a partir daí, até mais ou menos à primeira metade do século XX que eu procurei as histórias escritas por esses autores. De entre os clássicos, e dado que não é sobre autores contemporâneos, não havia muitos autores, pois houve muitos autores que escreveram apenas poesia ou romances, e não pequenas histórias. Mas dentro das pequenas histórias seleccionadas, o critério foi também o considerar que essas histórias tinham qualidade literária. Há também a referir que procurei como critério que algumas dessas pequenas histórias fossem das mais conhecidas e populares desses escritores, como por exemplo “O suave milagre”, de Eça de Queirós. Finalmente, é de referir o critério da variedade, isto é, procurei diversos temas, e em vez de serem por exemplo histórias de Natal, de amor, de  terror, etc, houve a preocupação de procurar e seleccionar uma variedade de temas. Através deste livro não apenas a variedade de temas, como também literária e estilística.


3-Pensando no futuro: tem em preparação mais antologias ou obras pessoais?
R- Estou a aguardar a publicação de um novo livro, uma obra de ensaio que escrevi, sobre a dicotomia público-privado, e que vai ser publicado ainda este ano, na editora Almedina. Estou a preparar mais dois livros. Um deles é sobre a política em Fernando Pessoa (autor pelo qual me interesso em todas as suas várias facetas, e pretendo no futuro investigar outros temas em Fernando Pessoa). Estou a preparar outro livro, que está a ser muito interessante e absorvente (que interrompi apenas para responder a estas perguntas, e na qual vou pegar de novo assim que acabar de responder a estas perguntas). Trata-se de uma tradução que estou a fazer de poemas satíricos do Cancioneiro Medieval Galaico Português. Estão publicado, mas em Galaico-Português, um português arcaico, misturado com Galego, e portanto ainda não estão traduzidos  em Português, que é o que eu estou a fazer (uma selecção de entre os poemas satíricos). O tema é muito interessante, e vai ser uma grande revelação para o público português, ao descobrir que a Idade Média afinal não é tão “santa” como se pensa. É uma sensação muito interessante esta viagem até à Idade Média, ao estar a traduzir poemas do século XIII, e o seu carácter satírico tem-me causado boa disposição, assim como causará em quem os ler.
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Vários Autores, Pequenas Histórias dos Grandes Clássicos da Língua Portuguesa
(Organização: Victor Correia)
Guerra e Paz  16,50€