João Pedro Vala: “Apunhalado por um marido ciumento”

João Pedro Vala acaba de editar Campo Pequeno, o seu último romance. Depois do romance de estreia, Grande Turismo e de Terra. Um autor que se vai afirmando passo a passo no panorama literário português.
Aqui ficam as suas respostas ao questionário de Proust.
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O que é para si a felicidade absoluta?
A felicidade dos outros.

Qual considera ser o seu maior feito?
Os dois golos que marquei num inter-turmas, no oitavo ano. Um petardo do meio da rua e um cabeceamento mesmo ao ângulo, em resposta a um centro do escritor Simão Lucas Pires.

Qual a sua maior extravagância?
Ressonar mesmo quando ninguém está a ouvir.

Que palavra ou frase mais utiliza?
Desculpa.

Qual o traço principal do seu carácter?
A falta de jeito.

O seu pior defeito?
Egoísmo.

Qual a sua maior mágoa?
Não ter grandes mágoas acerca das quais possa escrever.

Qual o seu maior sonho?
Receber um Globo de Ouro das mãos do artista João Baião.

Qual o dia mais feliz da sua vida?
O dia após o acima referido inter-turmas, em que assisti humildemente a uma aula de matemática, sem deixar que o tremendo sucesso da véspera me subisse à cabeça.

Qual a sua máxima preferida?
«Deixemos as mulheres bonitas para os homens de pouca imaginação», Proust.

Onde (e como) gostaria de viver?
Gostaria de ter sido uma camponesa sintrense no século XVI.

Qual a sua cor preferida?
Branco.

Qual a sua flor preferida?
Os girassóis do Van Gogh.

O animal que mais simpatia lhe merece?
Tartaruga.

Que compositores prefere?
Chopin, Warren Ellis e Johnny Greenwood.

Pintores de eleição?
Anselm Kiefer e Van Gogh.

Quais são os seus escritores favoritos?
Proust, Philip Roth, Dante e Simão Lucas Pires (neste último, admiro acima de tudo a precisão linguística e os centros tensos ao segundo poste).

Quais os poetas da sua eleição?
Pessoa e Nick Cave.

O que mais aprecia nos seus amigos?
Os centros tensos ao segundo poste.

Quais são os seus heróis?
Nick Cave, Calvin e Eddy, the Eagle.

Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Holden Caulfield, em À Espera no Centeio, e Carlos Santos Silva, em Operação Marquês.

Qual a sua personagem histórica favorita?
Muhammad Ali e Genghis Khan.

E qual é a sua personagem favorita na vida real?
João Galamba.

Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
O atabalhoamento sempre que têm de falar de emoções.

E numa mulher?
A maneira silenciosa como param em frente a um quadro.

Que dom da natureza gostaria de possuir?
Pintar e cantar. Não sei se percebi bem a pergunta, se tiver percebido mal, a resposta é voar. Peço desculpa.

O que é para si o cúmulo da miséria?
Ter sorte.

Quais as falhas para que tem maior indulgência?
Sou um admirador profundo de todo o tipo de defeitos. Só não tolero pessoas virtuosas.

Qual é para si a maior virtude?
A falta de jeito.

Como gostaria de morrer?
Apunhalado por um marido ciumento.

Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Uma camponesa sintrense do século XXVI.

Qual é o seu lema de vida?
To be myself completely, I just got to let you down.
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