Um falsário com bom coração

É verdade que nos últimos tempos está muito na moda os livros e os filmes terem uma componente sobrenatural, seja ela de vampiros, fantasmas, zombies ou espíritos. No entanto, também é verdade que nem tudo o que está na moda é bom… ou, em muitos casos, que seja necessário.
No “Memórias de um mestre falsário” debatemo-nos com este problema das modas. O livro tem uma história muito capaz, interessante e segura, mas o autor sente a necessidade de inserir demónios que não trazem mais-valia nenhuma, muito pelo contrário.
Se conseguirmos pôr de parte toda a componente sobrenatural deparamo-nos com William Heaney, um verdadeiro mestre falsário com um passado inquietante e um presente pouco comum.
Heaney (com ajuda de dois amigos) dedica-se a falsificar primeiras edições de clássicos (como alguns de Jane Austen) e a escrever poesia irreverente para o seu amigo asiático gay. Contudo, William é também um benemérito e o dinheiro que ganha nestes negócios é sempre dedicado a uma boa causa: o GoPoint.
Para além da atarefada carreira profissional como falsificador, mantém um emprego legítimo, é pai de três filhos e tem uma ex-mulher com um namorado odiável.
Não fosse o presente desta personagem suficiente para escrever um livro, não existe qualquer dúvida que é o seu passado que nos deixa completamente agarrados às páginas e a querer saber o que aconteceu a seguir.
Uma leitura muito agradável para os que gostarem de boas histórias e conseguirem abstrair-se dos demónios… ou para todos aqueles que gostam da temática sobrenatural.
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Graham Joyce
Memórias de um mestre falsário
Bizâncio, 15,14€