Antologia: Descobrir a poesia erótica da antiguidade clássica

1-Qual a ideia que esteve na origem desta sua antologia de “Poemas Eróticos da Antiguidade Clássica”?
R- Sempre tive uma grande paixão pela cultura da Antiguidade Clássica. Além disso, foi na Grécia antiga que nasceu a Filosofia, que é a minha formação principal. Este meu interesse cresceu na sequência de outras investigações que tenho feito sobre poesia erótica de autores antigos e autores contemporâneos consagrados , e resolvi também investigar o que os poetas gregos e os poetas romanos antigos escreveram sobre o erotismo.  Finalmente há a destacar como motivação para eu ter feito esta investigação o facto de ser pouco conhecida do grande público por um lado a poesia da Antiguidade Clássica, e por outro lado a poesia erótica. Não havia em Portugal nenhuma antologia de poesia erótica da Antiguidade Clássica, por isso resolvi fazê-la.

2-Quais os critérios que presidiram à escolha dos 45 autores?
R- Os critérios são sempre subjetivos, sobretudo tratando-se de poesia, pois alguns organizadores colocariam uns poemas, e outros organizadores colocariam outros. Isso tem logo a ver com o conceito de “erotismo”, pois alguns organizadores poderão considerar que determinado poema é erótico, e outros organizadores poderão considerar que não é erótico. Segui um critério abrangente do conceito de “erotismo”, incluíndo também poemas de amor que exaltam a sexualidade como fazendo parte das relações amorosas.  Em relação aos autores, tentei ser o mais abrangente possível, por isso inseri o maior número de autores que consegui encontrar, dos que escreveram poesia erótica, e portanto não inseri apenas os grandes autores.  Tentei que os poemas fossem representativos desses autores, e dedicar cerca de três páginas a cada um deles, e quando o poema era extenso, coloquei menos poemas, e quando os poemas eram curtos, coloquei mais poemas. Segui uma sequência cronológica, dos poetas mais antigos até aos menos antigos, e juntei também os poetas romanos no mesmo livro, pois a Grécia e a Roma antiga fazem ambas partes da Antiguidade Clássica.

3-Ainda podemos encontrar ecos destes poemas na poesia erótica mais recente?
R- Não conheço suficientemente a poesia erótica mais recente, nomeadamente a nível internacional, para poder responder com precisão a essa questão, mas certamente que sim. Há quem defenda que depois dos antigos gregos nada mais há de novo a dizer (na Filosofia, na Literatura, etc.,), pois eles falaram de tudo. No entanto, as formas têm variado ao longo dos tempos, e houve várias épocas posteriores, como por exemplo o Renascimento nos séculos XVI-XVI, que ficaram muito marcadas pela cultura da Antiguidade Clássica. No que diz respeito aos tempos de hoje, em Portugal, encontramos eco da poesia da Antiguidade Clássica em autores como Fernando Pessoa (principalmente no seu heterónimo Ricardo Reis), e em Eugénio de Andrade, em David Mourão Ferreira, em Sophia de Mello Breyner, em Manuel Alegre, e em Hélia Correia.
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Victor Correia (org.)
Poemas Eróticos da Antiguidade Clássica
Guerra e Paz

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