Errar é humano | Ensaio

Célia Correia Loureiro revisita alguns dos mais crassos erros da história, os seus autores e suas consequências.
Desde D. Sebastião a Salazar. E, no plano internacional, Hitler, Brejnev ou Napoleão.
Uma outra forma de descobrir o curso da história e imaginar o que poderia ter acontecido sem estes erros.

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P-Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro “Erros Crassos da História”?
R-Gostaria de dizer que a ideia foi minha, mas, na realidade, foi ideia do meu editor da Ideias de Ler. Fiquei entusiasmada assim que recebi o convite.

P-Na pesquisa que realizou, que factos mais a surpreenderam?
R-Não posso revelar tudo o que me surpreendeu, mas posso dizer que fiquei muito espantada por descobrir tantos factos ao alcance do cidadão comum, sem que haja, muitas vezes, iniciativa de procurar essas respostas. Contudo, vou revelar o facto que mais mexeu comigo: passei anos a estudar história, primeiro em Humanidades e depois na Universidade, e nunca tinha lido com tanta clareza, sem sombra de dúvida, sobre a morte de D. Sebastião, os homens que a testemunharam e os procedimentos que se seguiram para trazer o seu corpo para Portugal.

P-Como se explica que grandes líderes históricos tenham cometido erros tão crassos?
R-Com muito poder vem muita responsabilidade e, sobretudo quando os líderes tinham poder absoluto, isto é, quando tinham pouca ou nenhuma oposição, era mais fácil errar. Muitas vezes por cegueira ideológica, inaptidão para tomar decisões em áreas como a estratégia militar, ou pura teimosia.

P-Outra curiosidade é que os líderes que cometeram erros crassos viveram épocas históricas muito díspares, desde a Roma antiga até à actualidade: o erro será eterno?
R-O erro é inerente à condição humana. Todos cometemos erros. O que distingue os erros destas personagens é a sua dimensão, abrangência, consequências.

P-Conseguiu identificar uma origem comum na origem dos erros: excesso de confiança, ambição desmedida ou poder ilimitado? Outra?
R-O poder ilimitado parece presente em muitos destes erros, a ambição desmedida parece ser outro dos ingredientes essenciais. Contudo, em quase todos os casos, denoto um certo alheamento face ao mundo real, uma visão afunilada que leva a que se seja precipitado e irrefletido quando se tem em vista um objetivo maior, que muitas vezes traria glória, prestígio, vitória, mas que acaba por conduzir a desgraças, quer pessoais, quer nacionais, quer até, quem sabe, universais.

P-Falando agora de uma realidade mais próxima. Apresenta os erros de sete personalidades portuguesas: razões desta escolha?
R-Desde o início que quisemos abordar tantos portugueses quanto nos ocorressem, é-me missão levar a História nacional ao maior número possível de leitores. Contudo, entre tanta riqueza de figuras, estas sete destacaram-se por estarem associadas a momentos muitos interessantes da nossa nação, mas também por oferecerem a biografia necessária a uma boa exposição das suas circunstâncias.

P-Consegue imaginar o rumo que a História de Portugal poderia ter seguido se não tivessem sido cometidos os erros que estudou?
R-É curioso que existam forças constantes no fio condutor da História de Portugal, um deles é a resistência do povo português ao domínio castelhano. Por esse motivo, por ex. em relação a D. Filipe III, acredito que, ainda que tivesse sido um melhor monarca, acabaria por perder o trono português. O mesmo quanto a Salazar, ainda que tivesse acatado os conselhos de Eisenhower, teria sempre perdido os territórios ultramarinos portugueses, era esse o rumo que o mundo tomava.

P-Pensando no futuro: vai investigar outros erros de outras personagens históricas?
R-Erros, triunfos, dilemas, há muita matéria fascinante relacionada com figuras do passado que acabarei sempre por investigar, nem que seja por mera curiosidade pessoal. Entretanto, encontram por aí esta novidade que pode, facilmente, agradar a um grande universo de leitores.
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Célia Correia Loureiro
Erros Crassos da História
Ideias de Ler  17,75€

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